Conheça a história de Corchito: o cachorrinho que faz companhia aos clientes em um bar argentino

Após buscar histórias emocionantes de cachorrinhos na internet, deparei-me com a de Corchito e fui tentar a sorte grande em conseguir uma entrevista com os donos do restaurante onde ele mora.

Camila Galland é a tutora e dona do bar e restaurante Dickens, de Chivilcoy, uma cidade localizada a aproximadamente 150km da capital Buenos Aires.

Conheça a história de Corchito: o cachorrinho que faz companhia aos clientes em um bar argentino
Reprodução: Instagram @dickens_restobar

Lá, pizzas, sanduiches, cafés entre outros são servidos aos comensais.

Mas o que atraiu não só o conhecimento público local, como também internacional, foi a presença de Corchito.

Um cachorrinho muito simpático e que faz companhia aos visitantes e comensais do estabelecimento.

No entanto, de acordo com a própria Camila, a história de Corchito não começou tão bem.

Ele chegou ao restaurante “em uma tarde de primavera e não foi o primeiro, já que antes dele viviam [na região] outros cachorrinhos”.

Sem saber se o pequeno estava perdido dos seus reais tutores, Camila tentou localizá-los, mas descobriu com o tempo que Corchito fora abandonado por uma família que teria se mudado.

Por não terem como levá-lo, acharam melhor deixar o cachorro à própria sorte.

“Assim ele, então, começou a vagar pela cidade até chegar a Dickens. Foi aí que decidimos que ele ficaria com a gente”, revela Camila Galland.

Desde esse dia, Corchito ganhou uma nova oportunidade ao lado de uma nova família, que realmente o cuida e o ama.

Origem do nome Corchito

Com um nome bastante peculiar, Corchito conquistou o coração de todos: desde os colaboradores de Dickens até mesmo dos próprios visitantes e clientes do estabelecimento.

Quando perguntei qual seria a razão de seu nome, Camila comenta que ele adorava pegar as rolhas das garrafas e “ele mesmo se encarregava de roubá-las e destruí-las”.

Conheça a história de Corchito: o cachorrinho que faz companhia aos clientes em um bar argentino
Reprodução: Instagram @dickens_restobar

Para quem não sabe, em espanhol, as rolhas das garrafas são chamadas de “corchos”.

“Corchito é bastante espontâneo: tudo nele parece ser natural. As pessoas o amam, em especial os idosos. Sinceramente? Existem pessoas que vêm para se sentar e apenas conversar com ele um pouquinho, para diminuir a solidão. Ele parece que os escuta. As pessoas falam com ele, cantam para ele… o acariciam”.

Para Camila, é possível que Corchito seja assim tão querido com os comensais e visitantes do restaurante porque ele também foi abandonado pelos anteriores tutores.

Segundo ela, talvez ele também odeie essa mesma situação, já que a conhece bem.

Ele termina acompanhando essas pessoas porque esteve muito tempo sozinho. Assim como muitos idosos, ele não teve o carinho de sua família.
Camila Galland

O cachorrinho se tornou tão querido de todos, que a própria Camila nos comenta uma das inúmeras histórias que a tocou profundamente.

De acordo com a proprietária do restaurante Dickens, um senhor vem frequentemente ao estabelecimento só para cantar para o cachorrinho.

“Um senhor vem sempre para cantar para ele seus tangos. Outro senhor, que ficou viúvo, vem passar algumas horas ao lado de Corchito. Alguns até choram de emoção quando ele lhes presta atenção, algo que ninguém faz. Nós, do lado de dentro do restaurante vemos como algo natural dele, mas muitas pessoas vêm de longe para saber se a história é verdadeira”.

Corchito, Manuel, Puccini e Cappucina

Engana-se quem ache que Camila tenha somente Corchito. Ela também dá abrigo e alimentação para mais outros dois cachorrinhos: Manuel e Cappucina.

Até o ano passado, Puccini completava a família, mas ele veio a falecer em novembro do ano passado (2022), após 18 anos de vida.

Cappucina apareceu quase que na mesma situação: é uma cachorrinha que deixaram abandonada na calçada.

Já Puccini, de tão querido que era, ganhou uma “placa comemorativa” que fica no lugar onde ele se deitava para tomar sua sesta e banhos de sol.

Conheça a história de Corchito: o cachorrinho que faz companhia aos clientes em um bar argentino
Cappucina, a nova integrante da família.
Reprodução: Instagram @dickens_restoba

“Acho que as pessoas vêm porque sentem empatia por eles e porque eles entendem o que fazemos. Eles são realmente nossos filhos e os amamos. Fazemos de tudo para que tanto eles, quanto os clientes, se sintam em casa. Inclusive, existem muitas pessoas que vêm com seus pets para desfrutar dos nossos cafés-da-manhã, almoços, lanches e até jantares”.

Todo esse carinho e amor aos animais não é de agora.

Camila, além de trabalhar no restaurante, também é protetora de animais e faz trabalho voluntário em conjunto com o refúgio da cidade, Chivilcotas.

“Para nossa sorte, todos reagem bem aos cachorrinhos. Vários comércios da nossa região já oferecem água e comida, inclusive caminhas nas calçadas. É toda uma cadeia de bem. A ideia tem sido disseminada entre todos e não nos custa nada. Com pouco, conseguimos ajudar muitas vidas”.

Sobre a grande repercussão, inclusive internacional, Camila também comenta que vários meios de comunicação nacionais chegaram a visitá-los para saber um pouco mais da história de Corchito.

Conheça a história de Corchito: o cachorrinho que faz companhia aos clientes em um bar argentino
Reprodução: Instagram @dickens_restobar

São tantas as visitas, que muitas pessoas fora da cidade de Chilvicoy vêm até a cidade, seja nos dias de feriados ou fins de semana, somente para visitar os pequenos e passar um tempo com eles.

“Muitas pessoas nos pedem fotos e perguntam o que eles fazem durante o dia. O que acontece é que terminamos subindo mais fotos deles que dos nossos produtos!”, brinca Camila feliz com a repercussão positiva das pessoas.

Embora nas redes sociais do restaurante Dickens a maioria das fotos sejam dos cachorrinhos, todos eles terminam retribuindo com muito amor todo o carinho que recebem no estabelecimento.

Conheça a história de Corchito: o cachorrinho que faz companhia aos clientes em um bar argentino
Legenda: Escultura feita pela artista Erika Forni retratando Dickens e Corchito.
Reprodução: Instagram @dickens_restobar

Camila revela, também, que desde então, todos passaram a ir trabalhar mais felizes, porque sabem que serão bem recebidos pelos três: Corchito, Manuel e Cappucina.

Eles se tornaram tão conhecidos, que algumas pessoas levam alguns deles para fazer a sesta. Inclusive, as crianças brincam com os cachorros enquanto os pais estão no restaurante.

“Nos dá muita alegria ver o carinho que é recíproco. O amor que eles dão a todos. Nós desejamos que no futuro, não muito distante, os estabelecimentos, independentemente se são gastronômicos ou não, terminem compartilhando a ideia e dando espaço a essas almas que nos enchem o coração”.

Restobar Dickens Café

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