A leishmaniose canina é uma doença que é causada por parasitas e é transmitida pela picada de um flebotomíneo infectado, que é um tipo de mosca hematófaga, ou seja, que se alimenta de sangue.
Segundo a Wikipedia, são somente as fêmeas dessas moscas que sugam o sangue de animais vertebrados e até mesmo humanos, podendo transmitir a leishmaniose, arbovírus e até a bartonelose.
A doença é tão grave que até alguns anos atrás, quando era detectado que um cachorro tinha leishmaniose, ele era diretamente sacrificado. A medida visava o controle de surtos de doenças entre humanos e até outros animais.
Ela é ainda considerada uma doença séria e dados da Fiocruz apontam que somente no Mato Grosso do Sul, de 2011 a 2022 houve mais de 1600 casos registrados de leishmaniose.
Somente no ano de 2017, 90% dos casos registrados de leishmaniose na América Latina foram no Brasil. Em 2012, a taxa de letalidade da doença foi de 7,1%.
O que é a leishmaniose canina
Causada por protozoários, a leishmaniose é uma doença zoonótica que ataca o sistema imunológico do animal e é transmitida de animais a humanos e vice-versa, tendo o mosquito como principal vetor.
Essa doença é considerada grave e pode levar ao óbito humanos e animais quando não tratada a tempo.
Quando a leishmaniose já está no corpo do hospedeiro, ela passa a atacar as células, além de se ligar a outras células saudáveis para começar a se multiplicar. Durante essa propagação, a doença pode atingir órgãos como o fígado, baço e até mesmo a medula óssea.
No Brasil, essa doença é causada pela picada do mosquito Lutzomyia longipalpis, que é conhecido popularmente como mosquito-palha, birigui, cancalha e tatuqueira, dependendo da região do país.
Ela é considerada uma doença endêmica, e sua incidência está geralmente relacionada a lugares onde as condições sanitárias são mais precárias. Galinheiros e chiqueiros sujos ou ambientes mal higienizados podem atrair esses mosquitos, provocando a infecção em animais ou em humanos.
Ainda que ela seja uma doença que possa ocorrer em lugares com poucas condições de higiene, ela não se restringe a esses ambientes. Cidades metropolitanas das regiões centro-oeste, sudeste e até mesmo sul também têm sofrido com a proliferação desses mosquitos.
Tipos de leishmaniose
Existem dois tipos de leishmaniose: a cutânea (também conhecida como tegumentar) e a visceral (ou calazar).
- A cutânea é provocada por parasitas, como a leishmania braziliensis e a leishmania mexicana.
- Já a leishmaniose visceral é causada por parasitas como leishmania donovani, infantum e chagasi.
Quando falamos sobre leishmaniose canina, é importante lembrar que em 99,9% a qual ocorre é a leishmaniose visceral, já que a cutânea não tem o cachorro como alvo, enquanto a visceral sim.
Sintomas da leishmaniose canina
Entre os sintomas mais comuns estão:
- Lesões, descamação e até uma coloração branca prateada na pele;
- Cachorros infectados podem desenvolver pododermatite, que é uma infecção nas patas;
- Excesso de produção de queratina, que pode deixar a pele do animal mais grossa;
- As unhas podem ficar mais grossas e terem um formato de garras;
- Machucados em cães infectados geralmente não saram, que podem ocasionar feridas;
- Alguns animais podem desenvolver problemas oculares, ou seja, uma secreção mais persistente, piscar de maneira excessiva e até sentirem incômodo nos olhos.
Outros cachorros ainda apresentam nódulos e caroços, que são típicos dessa doença. A aparição desses nódulos é um meio de defesa do organismo, que age contra o ataque da doença. Nesse caso, é possível que haja um aumento do volume dos gânglios linfáticos, em várias partes do corpo do cachorro ou em áreas localizadas.
Também são sintomas variáveis da leishmaniose canina: rins, fígado e outras estruturas do sistema digestivo podem ser afetadas.
Reações como vômito, diarreia, sangramento nas fezes, perda de apetite, desidratação e irregularidade no trato urinário também são sintomas observados nos cachorros contagiados com leishmaniose.
Com a baixa da imunidade, provocada pela leishmaniose, o animal também pode apresentar outros quadros clínicos.
Existem casos onde o animal também não apresenta sintomas, tornando-se assintomático em um primeiro momento. Somente com o passar do tempo que eles desenvolvem os sintomas.
Sintomas da leishmaniose em humanos
De acordo com a Biblioteca Virtual em Saúde, do Ministério da Saúde, são os sintomas da leishmaniose em humanos:
- Leishmaniose visceral: febre irregular, prolongada; anemia; indisposição; palidez da pele e ou das mucosas; falta de apetite; perda de peso; inchaço do abdômen devido ao aumento do fígado e do baço;
- Leishmaniose cutânea: após 2 ou 3 semanas da picada pelo mosquito, aparece uma pequena elevação (pápula) na pele, de cor avermelhada, que vai aumentando de tamanho até formar uma ferida, que pode estar coberta por uma crosta ou secreção com pus. Ela também pode se manifestar como lesões inflamatórias nas mucosas do nariz ou boca.
Diagnóstico da leishmaniose canina
Um dos métodos de diagnóstico é através da observação dos sintomas, mas o médico veterinário pode pedir testes laboratoriais para confirmar o quadro.
Geralmente, um pequeno pedaço de pele é retirado do animal para a análise laboratorial, onde as células serão analisadas através do microscópio, mas também é possível fazer uma análise citológica aspirativa.
Nesse caso, o médico veterinário aspira as células de um determinado órgão, com uma agulha, para sua posterior avaliação. Em ambos casos, o diagnóstico de leishmaniose é considerado conclusivo, ou seja, são técnicas bastante seguras.
Há casos onde as amostras retiradas não apresentam o protozoário da leishmaniose, podendo gerar um diagnóstico falho. Essa situação ocorre mais quando a doença ainda está no início.
Outro método de diagnóstico de leishmaniose canina é feito através de exames de sangue. Nesses testes sorológicos é possível detectar a leishmaniose, já que aparecem anticorpos específicos que combatem a doença nos cães.
Também existem testes rápidos de leishmaniose canina, onde uma gotinha de sangue do animal é usada para verificar se ele está ou não com alguma reação no organismo.
Prevenção da leishmaniose canina
A prevenção da leishmaniose se dá com o combate ao mosquito transmissor. Portanto, é recomendado sempre fazer a limpeza periódica dos ambientes.
Quintais devem ser limpos com mais frequência para retirar a matéria orgânica em decomposição, que é o ambiente propício para que a fêmea do mosquito-palha deposite seus ovos. Podas de árvores devem ser realizadas de maneira periódica, para evitar o acúmulo de matéria orgânica.
Lixos orgânicos devem ser descartados corretamente, para evitar o desenvolvimento das larvas do mosquito transmissor.
Caso você tenha outros animais em casa, também é necessário fazer a manutenção e limpeza regular do ambiente.
O uso de inseticidas também é recomendado, porém há de se ter cuidado com animais domésticos, crianças e idosos. A recomendação só é feita para áreas com um número alto de casos de contágio de leishmaniose.
Caso você viva em áreas endêmicas, é possível usar telas protetoras em janelas e portas, além dos mosquiteiros para dormir.
Sempre que possível, use repelentes.
Tratamento da leishmaniose canina
Cachorros que foram infectados já podem ter seu tratamento autorizado. De acordo com a Nota Técnica nº 11/2016, médicos veterinários podem prescrever o remédio Milteforan para animais infectados com a leishmaniose canina visceral.
Contudo, é sempre necessário que o profissional faça a devida avaliação, antes da correta prescrição medicamentosa. Sob nenhuma hipótese é recomendado realizar o tratamento sem o aval médico.
Vale lembrar que o Sistema Único de Saúde (SUS) possui tratamento específico e gratuito para a Leishmaniose Tegumentar (ou cutânea), porém somente para seres humanos. O tratamento é feito com medicamentos específicos, repouso e uma boa alimentação.
Contágio da leishmaniose canina
A transmissão da doença se dá exclusivamente através da picada do mosquito fêmea do mosquito-palha, de nome científico Lutzomyia longipalpis.
O mosquito pica o indivíduo previamente infectado pela doença e ingere o parasita da leishmania, que se transformará no intestino do mosquito vetor. O contágio só se dará quando esse mesmo mosquito picar um animal ou humano sem a doença.
Ao contrário do mosquito da dengue, o mosquito-palha não depende de água parada para poder depositar seus ovos, pelo contrário: a fêmea os depositará em matéria orgânica. Por isso é necessário que os ambientes sejam limpos de maneira frequente, para evitar atrair a fêmea do mosquito.